Na Fonoaudiologia a tecnologia começou a ser
utilizada no início dos anos 80, como ferramenta importante nas terapias e no
processo educacional. Atualmente, existem disponíveis para as áreas da
fonoaudiologia os mais variados tipos de tecnologias, servindo para
auxiliar e complementar a atuação fonoaudiológica (Pereira et al, 2012),
abrangendo atividades que vão desde a anamnese até as terapias (Lima,
2006), facilitando a organização de processos mentais e estimula a
participação do paciente em diferentes oportunidades de aprendizagem,
favorecendo o desenvolvimento
de aspectos perceptivos e cognitivos, da criatividade e de aspectos emocionais
(Foz et al, 1998).
Dentro das tecnologias desenvolvidas, os softwares
específicos são uma boa forma de inovar a fonoterapia, sendo estes utilizados
como complemento à forma terapêutica padrão (Pereira et al, 2012),
possibilitando a construção do conhecimento por meio de interação, propiciando
uma abordagem terapêutica diferenciada e individualizada para os pacientes
(Martins et al, 2008), pois o fato de poder dominar o computador, com todo
significado e valor intrínseco a essa atividade, pode desenvolver no sujeito
sua auto-estima e melhorar o autoconhecimento (Berberian et al, 2002).
Na área da linguagem a aplicabilidade de recursos
que contribuem para diversificar as possibilidades de intervenção torna-se
necessário, uma vez que as terapêuticas visam a estimulação global de todas as
funções mentais e sensoriais com o intuito de estimular as funções linguísticas
(Motta, 2001). Assim, é possível encontrar muitos softwares que podem ser
aplicados na fonoterapia, que atuam na aquisição, treinamento e automatização
dos fonemas, aprimoram a percepção auditiva e aperfeiçoamento de funções
neurocognitivas, como atenção, percepção, memória e funções executivas. Devido
abrangência da área, com atuação do recém-nascido ao idoso, as possibilidades
de adaptações da terapia devem ser conduzidas conforme o perfil cognitivo e
comportamental do paciente, para despertar maior interesse e contribuir
positivamente no processo terapêutico.
O uso da tecnologia na área de audiologia aplica-se
desde a execução de exames até a adaptação de auxiliares de audição (Berberian
et al, 2002), como nos casos de adaptação em aparelhos auditivos, sendo a
utilização de interfaces computacionais necessárias para intervenção do
profissional. No mercado, os recursos computacionais disponíveis podem ser
aplicados para armazenamento/gerenciamento das informações dos pacientes;
execuções de exames audiológicos, como audiometrias ocupacionais e/ou
completas; desenvolver as habilidades auditivas, como figura-fundo, fechamento,
análise e síntese binaural, percepção de padrões acústicos, memória auditiva e
consciência fonológica.
Na área de motricidade orofacial, os recursos
computacionais desenvolvidos focam na avaliação e reabilitação das alterações
músculo-esquelética, fornecendo maior cientificidade dos dados coletados. Desta
forma, esta área de estudo vem utilizando, principalmente para fins de
diagnósticos, meios que auxiliem a avaliação objetiva de suas mensurações,
sendo a interface digital o principal recurso utilizado (Pernambuco et al,
2010). Os instrumentos tecnológicos terapêuticos encontrados nesse meio de pesquisa possibilitam executar
uma diversidade de exercícios fonoaudiológicos, registros em vídeos, criação de
protocolos de pesquisa na motricidade orofacial, entre outros. Assim, esses
recursos disponíveis objetivam auxiliar na avaliação e na terapia de pacientes
com alteração na motricidade orofacial, como alterações ortodônticas,
respiração oral, distúrbios de fala, afasia, disfagia e gagueira.
Na área de voz, os recursos tecnológicos podem
relacionar-se com a busca de dados mais fidedignos da avaliação dos pacientes
(Carrillo et al, 2007), possibilitando observar as características de uma
produção vocal com auxílio de gráficos de análise espectrográfica acústica,
tornando a avaliação mais objetiva e, desta forma, possibilitando tomadas de
decisão a respeito das intervenções a serem executadas pelo profissional
(Santos, 2012). Além do uso de tecnologias com o intuito da estimulação,
condicionamento e treinamento da voz e fala de crianças, adolescentes e adultos,
aprimorando a produção e controle de diversos parâmetros vocais, como
frequência, intensidade e o tempo máximo de fonação.
O uso da tecnologia na atuação fonoaudiológica
torna-se um estímulo para que o indivíduo cumpra o programa de terapia (Silva
at al, 2012), tornando-se um grande aliado para o profissional na sua rotina
com o paciente, porém, é importante lembrar que a solução dos problemas
fonoaudiológicos não está nas tecnologias da informação, mas sim na maneira
como os terapeutas elaboram esta estimulação contando com o uso do computador
(Crivelaro, 2004). Portanto, é necessário escolher corretamente
o recurso tecnológico que melhor atuará no processo de reabilitação e
aprendizagem do paciente, proporcionando uma interação motivadora, analisando o
conteúdo adequado ao indivíduo e a dificuldade que ele encontra.
Assim, a tecnologia pode ser um meio de aprimorar o
trabalho do fonoaudiólogo, contribuindo com o processo terapêutico, baseando-se
em uma prática diferenciada da convencional.
Geane Grapiglia Ferreira
CRFa 9828
Geane Grapiglia Ferreira
CRFa 9828
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