Alteração
vocal após cirurgia de glândula tireóidea é bastante comum, com uma ocorrência
que chega a atingir valores muitos altos, em até 87%, em algumas casuísticas.
Como mais de 80.000 indivíduos por ano são submetidos a esse procedimento, as
limitações decorrentes devem ser levadas a sério. O nervo laríngeo recorrente,
que inerva as pregas vocais, apresenta um trajeto longo no pescoço, desde a
base do crânio até a região superior do tórax. Em qualquer ponto deste trajeto,
ele pode ser acometido, também se observam casos de lesão do laringeo superior.
Contudo, há outras causas de alteração de voz após a cirurgia, como: lesão por
intubação, fixação laringotraqueal dos músculos extrínsecos da laringe e
alteração da drenagem venosa da laringe. Algumas causas não são descobertas,
mas uma investigação detalhada deve ser realizada. A voz do paciente com
paralisia de prega vocal pode estar afetada em diferentes graus. O paciente
apresenta uma voz fraca, soprosa, engasgos, voz mais grave e se cansa
facilmente ao falar.
Assim,
quadros de disfonia no pós-operatório são frequentes e é adequado que os
pacientes sejam informados sobre a elevada probabilidade de alguma alteração,
na maioria das vezes temporária, mas com possíveis consequências importantes,
principalmente para as pessoas que usam suas vozes na vida profissional, como
professores, atores e cantores. Como os cirurgiões sabem que o desvio vocal é
geralmente transitório, a maioria dos pacientes não é encaminhada para tratamento;
contudo, os que são submetidos se beneficiam.
Diantes
disso, a queixa do paciente deve ser compreendida e valorizada, devem ser
feitos tratamentos direcionados aos desvios relatados e a atitude correta é
orientar os pacientes no pré-operatório e preparara-los para uma provável
disfonia informando que ela raramente será definitiva.
A
atuação do fonoaudiólogo é imprescindível para os pacientes com paralisia de
prega vocal, tendo em vista que a fonoterapia acelera a reabilitação vocal,
possibilita um melhor controle do equilíbrio entre os sistemas respiratório e
fonatório, podendo prevenir a presença de compensações indesejáveis auxiliando
na adequação das funções biológicas vitais.
Referências:
3. Carvalho M, Arakaki Fernanda, Ciocchi PE,
Capobianco D, Rosseti A.Análise vocal de indivíduos com e sem alteração na
mobilidade laríngea após cirurgia de tireóide: avaliação pré e pós-operatória
recente – Anais: II Encontro Nacional do Departamento de Voz da SBFa; página
43.
Fonoaudióloga Tanise Cristaldo - CRFa RS 9465.
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