QUANDO PODEMOS DAR O TRATAMENTO DE UMA
CRIANÇA POR ENCERRADO?
O
desaparecimento de sintomas, adaptação familiar, escolar ou social, são
critérios insuficientes para dar uma psicoterapia infantil por concluída.
Os
critérios para alta devem estar relacionados com o alcance da restituição a
criança de uma etapa de desenvolvimento normal e a adaptação da criança à vida
externa. No inicio de um tratamento deve-se estabelecer objetivos realistas,
considerando-se os fatores internos da criança, suas limitações da realidade
externa, o tipo de família que está exposta. Estes fatores são importantes,
para que não se criem expectativas que possam deixar sensação no final de que o
terapeuta não fez o que seria possível, ou que a terapia tenha terminado
precocemente.
Antes
da decisão sobre a alta, deve-se considerar se o tratamento fez tudo que seria
possível e se foi alcançado pelo paciente.
A
separação terapeuta-paciente faz ressurgir o luto e a culpa, porém se os sentimentos
persecutórios ficarem reduzidos, sendo o paciente capaz de manejar a dor, a
perda e a separação causada pelo final do tratamento, então assim, nesta etapa
ele estará capacitado, a lidar com seus problemas numa relação mais segura com
o mundo externo. Em fase final de tratamento, a criança manifesta progresso nos
seus interesses lúdicos, no uso adequado de material e brinquedos, com maior expressão
verbal para comunicar sentimentos e desejos, e com melhor capacidade de
enfrentar a realidade. Estando a criança mais livre, fica ampliada a capacidade
de transpor fantasias nos jogos enriquecendo- os conectados com a realidade.
Independente
da idade da criança na psicoterapia não pode ser esperado concluído, enquanto a
criança não empregar toda a sua capacidade de falar.
Os
critérios de terminação são deduções aproximadas e incertas e todo o terapeuta
tem duvidas quanto ao futuro. De qualquer forma, ha um momento entre terapeuta,
criança e pais, concordam com a finalização da terapia. Mas existem algumas
normas quando da decisão de finalizar um tratamento. Todo o terapeuta possui um
conjunto particular de critérios, embasado no aporte teórico que utiliza, na experiência
profissional e na sua síntese individual que são resultados da sua formação e
de seu tratamento pessoal.
CONJUNTO
DE CRITÉRIOS PARA O TÉRMINO DA PSICOTERAPIA INFANTIL:
Examinar o ajustamento da criança em relação consigo mesmo, com os outros, com
o terapeuta e com coisas e ideias.
1. Relação Consigo Mesma: ao final de uma psicoterapia, encontramos
a criança com progressos na integração de suas tendências agressivas e
amorosas, o funcionamento egóico e sua adaptação a realidade.
Seu
ego é capaz na sua própria capacidade. A diminuição no uso de mecanismos de
defesa mais primitivos. Demonstra auto conhecimento sendo competente para
reconhecer suas qualidades e limitações. Aceita a competição, ao mesmo tempo
que deseja vencer, admite perdas e consegue aprender com elas. Diminui a
rigidez. Há mais equilíbrio entre a percepção dos pais reais e dos pais
internalizados.
Com
a diminuição da angustia a criança é capaz de reconhecer seus impulsos como
provenientes de si mesma, bem como remaneja-los e canaliza-los sem excessiva
ansiedade.
2. Relação com os Outros: Ao se encerrar um psicoterapia, é na
relação com os outros, especialmente na família e na escola, que se verificam
mudanças mais significativas do paciente, "se o tratamento foi bem sucedido,
não só a vida da criança se modifica, mas também a das pessoas que com ela
convivem".
Na
família a fortalecimento nas relações com os pais reais, não idealizados, com
menos dependência e hostilidade.
A
adaptação escolar e social é modificada. As amizades se ampliam aumentando o
companheirismo e satisfação nas atividades globais.
3. Relações com o Terapeuta: No tratamento com crianças o
relacionamento transferencial e o real fazem parte de um todo e estão
interlaçados. existe um relacionamento real entre terapeuta e criança e uma
distorção desta relação, colorida pela transferência.
No
final de uma psicoterapia, a criança tende a elaborar a dupla perda: do seu
objeto transferencial e do objeto real.
Se
as intervenções e interpretações do terapeuta tiverem sido entendidos e
elaborados, se dá a resolução dos elos transferenciais , o que implica o
desfazer conflitos internos vivenciados na relação terapeuta, em função das
interpretações.
4. Relações com coisas e
ideias: Ao final de
um tratamento, a criança expande suas capacidades de brincar com menos
ansiedade, manifestando estável interesse por jogos e atividades.
Os ciúmes e a competitividade diminuem.
Apresenta maiores possibilidades de participar socialmente.
Maria Adelaide Reis
Psicóloga Clínica
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