quarta-feira, 23 de setembro de 2015

RESISTÊNCIA DOS PAIS PARA PSICOTERAPIA DAS CRIANÇAS
Unknownquarta-feira, setembro 23, 2015 0 comentários


Nos terapeutas somos frequentemente colocados diante da dificuldade de lidarmos com questões de resistências dos pais ao tratamento das crianças, o que se manifesta através de alguns boicotes como: não revelação de fatos importantes, atrasos, retenções de pagamentos e interrupções prematuras da psicoterapia.

O inicio do tratamento para criança por parte dos pais implica na permissão destes à entra de uma pessoa significativa nas relação com seu filho.

Quando a criança é trazida ao tratamento, em primeiro momento o psicólogo investiga a origem da conflitiva atual, e para isso, utiliza os dados da história e o material de fantasias inconscientes que a criança traz. 

Na verdade, os dados trazidos pelos pais é o que interessa nesse momento, não nas reações emocionais diante do filho.

Dessa forma os pais passam a estar ligados na psicodinâmica compreensiva daquilo que esta conflitando o filho. Assim, na verdade, a compreensão baseia-se na relação mãe-filho e nas relações posteriores. Conforme o psicólogo vai delineando e compreendendo a sintomatologia da criança, os pais vão sendo mobilizados em maiores ou menores graus. Como as dificuldades da criança estão intimamente vinculadas as duas primeiras reações com a mãe, com os pais, inevitavelmente a terapia acaba tocando nas características destes. E assim, quando abordamos a relação mãe-criança, pai-criança, pais-filhos, etc., também abordamos nos pais sentimentos de responsabilidade, e, as vezes, a culpa de estabelece à relação da terapeuta da criança com os pais, brotam também ansiedades e fantasias.

Quando entramos ali, exatamente onde houve dificuldades e pontos de maiores conflitos, é o causam fantasias persecutórias ou mais de depressivas, os pais percebem, ‘sentem’. Trata-se, no entanto, de dificuldades neuróticas. Então há uma tendência a conservar o padrão de relacionamento encontrado, inclusive por parte dos pais. O filho em terapia passa a ameaçar esta conservação que desestrutura na forma de “ajuste” encontrado. 

Claro, que estes fatores não são os predominantes quando os pais buscam o tratamento, pois o desgaste vindo dos sintomas da criança já esta instalado, isto é, já existe uma certa desorganização naquele “ajuste” neurótico.

A indicação do filho precisar de tratamento representa uma ferida narcisista para os pais.  Melanie Klein escreveu que: “a neurose de uma criança pesa sobre o sentimento de culpa de seus pais, que consideram a necessidade de recorrer ao terapeuta como prova de sua responsabilidade pela enfermidade do filho”. A indicação de psicoterapia para a criança pode representar novo conflito para eles. Pode representar culpa, raiva, impotência como integração: “vamos repara”. O mais comum é a combinação de novos sentimentos e conflitos.

Melanie Klein escreveu: “a ambivalência dos pais em relação à psicoterapia de seu filho, também ajuda a explicar um fato, isto é, que até mesmo o tratamento mais bem sucedido tem pouca probabilidade de contar com o reconhecimento dos pais. Na maioria dos casos, esquecem facilmente os sintomas que o levaram a procurar um psicólogo para seu filho, e minimizam a importância das melhoras efetuadas”.

Maria Adelaide Reis
Psicóloga Clínica


Categoria:
Jaqueline Moretto Fonoaudióloga CRFa 7299 RS-Especialista em Audiologia-Doutoranda em Ciencias Biomédicas

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